Argumento para a Temporalidade de Deus
Nós estávamos falando sobre a eternidade divina, e da última
vez, após um levantamento dos dados bíblicos, começamos a tentar entender o
sentido dessa doutrina. Vimos que, embora a Escritura ensine claramente que Deus
é sem começo e sem fim, que Ele existe permanentemente, que nunca veio a
existir e nunca deixará de ser, no entanto, não está claro se devemos
compreender Deus como um ser atemporal, ou seja, fora do tempo, ou se
deveríamos pensar em Deus como existente eternamente ao longo do tempo. Será
que Deus tem um passado, um presente e um futuro, que se estendem desde o
infinito passado até o futuro infinito? Ou será que Deus nem sequer tem
passado, presente e futuro? Ele está simplesmente além da dimensão do tempo?
Nós apontamos em resposta a perguntas na semana passada que estas posições são
contraditórios entre si. Dizer que Deus existe atemporalmente é simplesmente
dizer que ele não existe no tempo. Portanto, não é uma proposição que aceite
ambos, a menos que você encontre alguma maneira de qualificar isto, porque
estas são posições contraditórias entre si. Ou Ele existe atemporalmente ou Ele
existe ou temporalmente, e a questão é, como devemos entender isso melhor?
A fim de resolver esta questão, queremos olhar para alguns
argumentos para a atemporalidade divina e para a temporalidade divina. Vamos
primeiro falar sobre um argumento para a atemporalidade divina.
Em meu livro Time and Eternity [O tempo e a eternidade],
onde examino os que acho que sejam os melhores, ou mais promissores, argumentos
para a eternidade divina, eu acho que a maioria deles são, francamente,
argumentos muito pouco plausíveis ou fracos, com exceção de um. Este é o argumento baseado na incompletude da vida
temporal. A ideia aqui é que um modo temporal da existência é, por sua
própria natureza, um modo defeituoso de existência. Todos seres têm apenas o
breve, fugaz presente. O futuro ainda não existe – você ainda não possui o seu
futuro. O passado se foi, está irremediavelmente perdido. Então, tudo o que se
tem é o presente, o qual está sempre mudando, sempre passando, sem permanência,
de modo que um ser temporal não pode possuir toda sua vida de uma vez. Em
contraste, um ser que é infinito, fora de tempo, possui toda sua vida de uma só
vez. Ele simplesmente não tem passado, presente ou futuro - ele só tem um
estado eternamente existente. Ele possui toda sua vida de uma vez. A alegação é
que este é um modo mais perfeito de existência, e, uma vez que Deus é o ser
mais perfeito, seria incompatível com Deus ter um modo defeituoso de
existência. Portanto, Deus não pode existir temporalmente.
A natureza defeituosa da vida temporal foi recordada para
mim muito poderosamente alguns anos atrás, quando nossos filhos eram pequenos e
eu estava lendo para eles após o jantar uma noite. Estávamos lendo o livro de
Laura Ingalls Wilder, Little House In The Big Woods [A pequena casa na grande
floresta], e ao atingirmos o fim desse livro, cheguei à seguinte passagem, que
para mim, que estava estudando a doutrina da eternidade e tempo divinos, foi
simplesmente poderosa (apesar de não ter o mesmo impacto sobre os meus
filhos!). Esta passagem simpelsmente me falou muita coisa. Esta é a forma como
o livro termina,
As longas noites de inverno com
música e fogueira tinham chegado novamente. . . . A voz forte e doce de Pa foi
cantando baixinho:
Deve um antigo conhecido ser esquecido,
E nunca trazido à mente ?
Deve um antigo conhecido ser esquecido,
Nos bons e velhos tempos (auld lang syne)?
Refrão: Pelos bons e velhos tempos (auld lang syne), meu caro
Pelos bons e velhos tempos (auld lang syne)
Ainda beberemos do copo da bondade
pelos bons e velhos tempos (auld lang syne).
Quando o violino parou de soar,
Laura perguntou suavemente, "O que são dias de Auld Lang Syne, Pa?”
"São os dias de há muito
tempo atrás, Laura," Pa disse. “Vá para a cama, agora.”
Mas Laura ficou acordada um
pouco, ouvindo o violino de Pa tocando suavemente, e ao som solitário do vento
na Grande Floresta. Ela olhou para Pa sentado no banco ao lado da lareira, a
luz do fogo brilhando em seu cabelo castanho e a barba brilhando sobre o
violino cor de mel marrom. Ela olhou para Ma, balançando-se suavemente e
tricotando.
Ela pensou consigo mesma,
"Isso é o agora."
Ela estava contente, porque a
casa aconchegante, e Pa e Ma à luz do fogo, e a música, eram agora. Eles não
podiam ser esquecidos, pensou, porque agora é agora. E nunca pode ser os dias
de há muito tempo atrás.
O que é tão comovente sobre essa passagem, é claro, é que
naquela época, o que para Laura Ingalls Wilder era tão real e tão presente,
agora são os dias de há muito tempo atrás! Ma e Pa se foram. A fronteira
americana que eles lutaram para conquistar já se foi. Laura Ingalls Wilder se
foi. O tempo tem uma maneira selvagem de consumir a existência, tomando tudo o
que existe e levando-lo para o passado onde está irremediavelmente perdido,
desaparecido para sempre, para nunca mais ser recuperado.
Esse é o tema da Música Time [Tempo] de Pink Floyd.
O argumento aqui é que tal modo defeituoso de existência é certamente incompatível com a existência de um ser perfeito. Portanto, um ser perfeito não pode existir temporalmente, mas deve existir eternamente.
Eu não acho que este é um argumento nocaute a favor da atemporalidade
divina, mas eu acho que ele apela para intuições muito poderosas sobre a transitoriedade
e efemeridade da vida temporal. Portanto, na ausência de quaisquer argumentos
contra-balanceamendo a favor da temporalidade divina, eu acho que isso pode
justificadamente motivar uma doutrina de atemporalidade divina.
Argumento para a Temporalidade de Deus
No entanto, parece que também há bons argumentos do outro
lado. Deixe-me olhar primeiro para o argumento para a temporalidade de Deus com
base nas suas relações cambiantes com o mundo. Deus é um Deus que age na
história. Ele está causalmente relacionado a evento no tempo - primeiro
causando um evento, em seguida, produzindo outro evento depois disso, então
causando outro. Deus está intimamente envolvido no processo temporal. Ele parte
o Mar Vermelho, Ele chama os filhos de Israel do Egito, Ele envia Cristo para o
mundo. A encarnação da segunda pessoa da Trindade é uma doutrina especialmente
problemática para aqueles que pensam que Deus é atemporal. Aqui o próprio Deus
entra na história humana na pessoa de Jesus Cristo. Parece evidente que houve um
tempo antes que a segunda pessoa da Trindade teve uma natureza humana. Houve um
tempo quando a segunda pessoa da Santíssima Trindade ainda não estava
encarnada, e houve um tempo após o qual a segunda pessoa da Trindade estava
intimamente unida a uma natureza humana. Parece, pelas cambiantes relações de
Deus com o mundo, que Ele teria que existir no tempo. Qualquer coisa que muda
tem um “antes” e um “depois”. Isso simplesmente significa estar no tempo.
Deixe-me mencionar outro argumento a favor da temporalidade
divina, que acho fácil de entender e também muito poderoso. Este seria um
argumento baseado na onisciência de Deus. Como um ser onisciente, Deus deve
conhecer todas as verdades - Ele deve conhecer todos os fatos que existem. Mas
há claramente verdades que são verdades com tempos verbais. As sentenças não
estão em apenas nos modos sem conjugação verbal; elas têm um tempo passado,
presente, e futuro, e outros. Deus deve conhecer estas verdades com tempos
verbais para ser verdadeiramente onisciente. Por exemplo, Deus deve saber que
Cristóvão Colombo descobriu a América
em 1492. Mas em certo tempo, isso não era verdade. Em 1490, era verdade que
Cristóvão Colombo vai descobrir a
América, e Deus deve ter conhecido essa verdade. Mas se Deus conhece essas
verdades com tempos verbais, então isso significa que seu conhecimento está em
constante mutação, na medida em que verdades no tempo futuro se tornam falsas e
as versões de tempo presente tornam-se verdade. " Cristóvão Colombo vai descobrir a América" era
verdade uma vez, depois tornou-se falsa, e tornou-se verdade que
"Christopher Columbus está descobrindo
a América." Então essa se tornou falsa e a declaração no passado " Cristóvão
Colombo descobriu a América" se
tornou realidade. Assim, o conhecimento de Deus estaria em constante mudança,
e, portanto, ele existiria no tempo.
Parece que estes dois argumentos, o argumento das relações cambiantes
de Deus, e o argumento baseado no conhecimento de Deus acerca de verdades cujas cujos tempos verbais mudam, são
argumentos muito poderosos para Deus existir no tempo.
Avaliação dos Argumentos
Como devemos avaliar esses argumentos? Como avaliamos esses
argumentos em grande parte vai depender de nosso ponto de vista acerca do
tempo. Como você interpreta a eternidade de Deus vai ficar de pé ou cair com a
sua compreensão da natureza do tempo. Os filósofos têm distinguido duas visões
de tempo que muitas vezes são convenientemente chamadas de Teoria-A e Teoria-B.
Essas iniciais não explicam por nada; eles são apenas uma maneira prática de categorizá-las.
Às vezes, a Teoria-A do tempo é chamada de "teoria conjugada" ou
"teoria dinâmica", e a Teoria-B de tempo é chamada de "teoria
não conjugada" ou "teoria estática."
Quais são essas teorias do tempo? De acordo com o Teoria-A
do tempo, os eventos são ordenados como passado, presente e futuro. A única
coisa que realmente existe é o momento presente. O futuro é apenas potencial,
ainda não existe. Ele não chegou a existir. O passado não existe mais - ele
existiu uma vez, mas já passou. Há uma diferença objetiva entre o passado, o
presente e o futuro em termos de sua realidade. As coisas no futuro e no
passado não são reais; somente as coisas no presente são reais. Deste ponto de
vista, o “tornar-se” temporal é uma característica real e objetiva do mundo. As
coisas vêm a ser, e eles deixam de ser. A transformação temporal é uma
característica real e objetiva do mundo.
Em contrapartida, o Teoria-B do tempo diz que a diferença
entre o passado, presente e futuro é apenas uma ilusão subjetiva da consciência
humana. Na verdade, todos os eventos no tempo - seja no passado, presente ou
futuro - são igualmente reais. Não há nenhuma diferença objetiva entre o
passado, o presente e o futuro. É apenas uma questão de seu ponto de vista
subjetivo. Para as pessoas em 2008, os eventos de 2008 estão presentes, e os
acontecimentos de 2050 são o futuro. Mas para as pessoas em 2050, que são tão
reais quanto nós, os acontecimentos de 2050 são reais e presentes, mas os
acontecimentos de 2008 são passado. O que é passado ou presente ou no futuro,
esta visão é apenas uma questão de sua perspectiva subjetiva. Na realidade,
tudo é igualmente verdadeiro, seja no passado, presente ou futuro, e o tornar-se
temporal é apenas uma ilusão da consciência humana. Então, na Teoria-B do
tempo, somos de certa forma vítimas de uma enorme ilusão, na medida em que nós
pensamos que as coisas realmente vêm a existir e deixam de existir. Realmente,
as coisas não vêm a ser nem deixam de ser. Todas elas existem em suas
respectivas estações na linha do tempo, e todas eles são igualmente reais e estão
ali. Nós apenas temos a ilusão de que estamos caminhando ao longo da linha do
tempo, quando na verdade não estamos. Não há natureza dinâmica em absolutamente
nada. A noção do tempo movendo-se ou de transformação é apenas ilusória.
Se você pensa que Deus é atemporal ou temporal vai ficar de pé ou cair se você adotar um Teoria-A de tempo ou uma Teoria-B do tempo. Se você acredita na existência de Deus na Teoria-A de tempo, então Deus não pode estar igualmente no presente, no passado e no futuro, porque essas coisas não existem. Elas são simplesmente irreais. Ele está apenas relacionado causalmente com o presente. Ele está causando os acontecimentos atuais, e Ele conserva-os em existência, e amanhã Ele vai causar eventos diferentes e sustentá-los em existência, e assim por diante. Mas os únicos eventos com que Deus é causalmente relacionado são os atuais. Além disso, como explicado anteriormente, na Teoria-A existem essas verdades com tempos verbais que estão mudando constantemente. Deus sabe que a eleição de 2008 está ocorrendo atualmente. Ele sabe que a eleição de 1980 já acabou e que a eleição em 2112 ainda não ocorreu. Assim, na Teoria-A, você tem que dizer que Deus existe no tempo, por causa da mudança de Suas relações com o mundo e por Seu conhecimento de fatos tensos.
Por outro lado, se você adotar a Teoria-B do tempo, então é
muito fácil ver como Deus poderia existir fora do tempo e ser causalmente
relacionado a cada evento no tempo, porque todos eles são igualmente reais. De
sua eterna perspectiva atemporal, Seu ato de causar a abertura do Mar Vermelho,
o julgamento e crucificação de Jesus, e a segunda vinda de Cristo, tudo é
igualmente verdadeiro, e Deus fora do tempo simplesmente sustenta todos esses
eventos em existência. Não há uma transformação temporal; não há nenhuma
mudança nesse sentido.
Além disso, na Teoria-B, não existem verdades com verbos
conjugados. Podemos ter sentenças com verbos conjugados, mas nossas frases em português
que possuem esses verbos tensos são apenas os nossos caminhos subjetivos de
expressar o que são, de fato, realmente verdades sem conjugação verbal. Por exemplo,
"Em 1492 Colombo descobrir a
America" - o verbo lá "descobrir" não está no tempo presente,
está apenas não-conjugado. Nossas frases com verbos conjugados expressam
verdades sem tempo verbal. Outro exemplo seria o de que a verdade de que
"Hillary Clinton perdeu o primário" pode ser expressa dizendo:
"Hillary Clinton perder o
primário de 2008", que é uma sentença sem tempo verbal. O tempo do verbo é
apenas uma ilusão. Uma analogia seria a diferença entre "aqui" e
"lá". Na Teoria-B, dizer que algo está ocorrendo "agora" é
como dizer que está ocorrendo "aqui." Não há um lugar objetivo
chamado "aqui ." Para alguém sentado na sala A, a sala A é "aqui
". Para alguém sentado na sala B, a sala “B”é “aqui”, e a sala A seria "lá."
Mas, para a pessoa na sala A , a sala B seria "lá." Não há qualquer
lugar objetivo no mundo chamado "aqui", isto é apenas um ponto de
vista subjetivo. Da mesma forma, no que diz respeito ao conceito de
"agora", não há "agora" nesta visão – o “agora” é apenas
uma ilusão de sua consciência pessoal. Neste ponto de vista, não há verdades com
tempos verbais para Deus saber. Tudo o que Deus sabe são fatos sem tempos
verbais sobre o que ocorre em determinadas datas e horas.
Como você decide entre esses dois pontos de vista? Já que a
sua visão sobre a eternidade de Deus vai depender de você adotar a Teoria-A ou
Teoria-B, como você deve decidir? Todo mundo neste debate admite que a Teoria-A
é a visão de senso comum sobre o tempo. A pessoa comum pensa que há uma
diferença entre o passado, presente e futuro e que as coisas vêm à existência e
saem de existência. Todo mundo, mesmo o teórico-B, reconhece que a visão de
senso comum de tempo é a Teoria-A. A Teoria-A está profundamente enraizada na
nossa experiência de transformação temporal. Nós não só experimentamos a
transformação temporal no mundo ao nosso redor; também no mundo interior da
consciência, nós experimentamos a transformação dos eventos mentais. Nós
experimentamos um fluxo de consciência de um pensamento que ocorre após o outro
- um fluxo de consciência que é totalmente independente do mundo externo. Não
há nada que poderia ser mais íntimo para nós do que a experiência de transformação
temporal. Nem mesmo a nossa experiência do mundo externo não pode ser comparada
à intimidade e à clareza de nossa experiência de transformação temporal porque
experimentamos não só a transformação do mundo externo, mas até mesmo do mundo
interior na vida da mente, ao experimentarmos o fluxo de consciência.
Assim, o teórico-B teria de nos dar razões muito poderosas para
abandonar essa visão de senso comum sobre o tempo e negar nossa experiência
íntima de transformação temporal. Gostaria apenas de dizer que o meu juízo
fundamentado é que não há nenhuma boa razão para negar essa experiência. Se
você está interessado em aprofundar isso ainda mais, dê uma olhada no meu livro
Time and Eternity [O tempo e a eternidade], onde em um par de capítulos eu analiso
os principais argumentos a favor e contra a Teoria-A e a favor e contra a Teoria-B.
Eu não acho que há boas razões para pensar que a nossa experiência de realidade
temporal seja ilusória e que por isso deva ser negada. Então, filosoficamente,
não vejo nenhuma boa razão para adotar uma Teoria-B.
Além disso, a Teoria-B é teologicamente objetável por uma
série de motivos. Eu acho que há problemas com ela teologicamente. Por um lado,
ela castra a doutrina cristã da criação. Eu considero essencial para a doutrina
cristã da criação que exista um estado de coisas no mundo real, que consista de
Deus sozinho, sem o universo, e que Ele, em seguida, traz o universo à
existência. Mas na Teoria-B isso é falso. Na Teoria-B, Deus nunca traz o
universo à existência, porque a transformação temporal é ilusória. Em vez disso,
Deus apenas existe eternamente, e o universo existe co-eternamente com Deus. A
diferença entre Deus e o universo é que o universo tem uma dimensão interna
chamada tempo, que estrutura os eventos como “mais cedo” e “mais tarde”. Mas,
visto de um ponto de vista externo, o universo existe tão eternamente quanto
Deus - está simplesmente lá com Deus. Deus nunca realmente traz o universo à
existência. Isto parece castrar a doutrina cristã da criação a partir do nada,
que certamente ensina que Deus existia sozinho e trouxe o universo à
existência.
Além disso, pense sobre o problema do mal na Teoria-B de
tempo e que implicações isso tem. O essa teoria que significa, por exemplo, é
que todo o mal e o pecado no mundo nunca é realmente eliminado. A mancha do mal
ainda está indelevelmente lá. Um dia Cristo virá outra vez, e depois disso não
haverá mais o mal. Mas todo o mal que existia anteriormente nunca deixa de
existir. Nunca é realmente aniquilado; de fato, em certo sentido, Cristo ainda
está pendurado na cruz nesta visão. Em seguida, é claro, há a sua ressurreição,
mas o evento da crucificação é tão real como o evento da ressurreição. Cristo está
eternamente na cruz neste ponto de vista, o que certamente é teologicamente
muito problemático. Eu acho que nós queremos dizer que o mal será vencido, que
será eliminado, e que Deus vai dizer: "Graças a Deus, está consumado!"
Então, nós não temos nenhuma boa razão filosófica para a adoção da Teoria-B, e
temos boas razões teológicas para se opor à Teoria-B. Portanto, eu refiro ficar
com a Teoria-A do tempo.
Uma proposta
Como devemos entender a eternidade de Deus, então? Aqui eu
quero fazer uma proposta. Aqui está uma visão que eu acho que pode unir ambos
os argumentos que temos visto até agora. Quero sugerir que nós compreendamos a
eternidade de Deus como Deus sendo atemporal sem a criação, e que ele é
temporal posterior ao momento da criação. Deus é atemporal sem a criação.
Existente sozinho, sem o universo, Deus existe atemporalmente. Com a criação do
mundo, o tempo começa, e Deus entra no tempo em virtude das suas relações
cambiantes com o mundo temporal e por seu conhecimento de verdades com tempos
verbais.
Em certo sentido, eu voltei para o modelo que alguém sugeriu
anteriormente, quando foi perguntado por que Deus não poderia ser ambos? Eu
disse: "Não pode, a menos que você especifique-o." Mas eu acho que
nós podemos especificá-lo. Deus é atemporal sem a criação, e Ele é temporal com
a criação. Isso faz sentido da passagem em Judas, que diz: "...antes de
todos os tempos, e agora, e para sempre." Essa é uma maneira de expressar
em linguagem comum de Deus existente atemporalmente, sem a criação; mas que o
tempo começa na criação, e Deus agora e para sempre existe no tempo.
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